Homo serviens: Nosso ethos de Páscoa
Ouve-se falar nas escolas do homo sapiens; homo sapiens
sapiens; homo faber; homo consumens. Mas a páscoa é tempo do Homo Serviens, ou
seja, o ser humano quando é PhD na espiritualidade de servir e cultivas vidas.
Foi o que refletimos na CBN Diário, programa Fórum. Padre Luiz Prim e eu,
convidados de Renato Igor, sob a direção de Felipe Reis, nosso egresso da
Unisul. A sonoplastia de Nunes, dos grupos de jovens de Capoeiras na década de
1970.
Pelo whatsapp, um radiouvinte lembra-nos que o programa é
especial porque sendo no dia 25 de março coincidia com a Festa cristã da
Anunciação. Nela, se festeja o dia em que o Anjo Gabriel teve a conversa
decisiva com Maria de Nazaré na periferia da Galiléia. Em resumo, o anjo
repórter divino queria saber se o filho de Deus, o Messias prometido nos
outdoors do Antigo Testamento, poderia ser gerado no seu jovem útero. Depois de
várias perguntas, quebrando o preconceito de que mulher não podia conversar em
público, muito menos com um forasteiro mesmo se dizendo anjo, Maria conclui: “Eis
aqui a servidora de Deus (Homo serviens), aconteça em mim os planos de seu Amor”.
O programa do rádio foi perto das três da tarde de
Sexta-feira Santa, quando se revive o rito do assassinato de Jesus com as
preliminares terríveis da traição de um amigo e o abandono de seus seguidores
mais íntimos. Depois, vieram as ilegalidades do Sinédrio que representava o
poder religioso, o teatro de Herodes e o gesto de omissão de Pilatos lavando as
mãos; por fim, o abandono afetivo do Pai a quem chamava ABBÁ, Paizão.
Jesus ficou calado ante os representantes do poder político-religioso
local e discutiu a autoridade estrangeira invasora dos romanos. Quanto a seu Pai
Querido, mostrou amor gritando-lhe o salmo: “Eloy! Eloy! Lamá Sabactani!”
(Deus, meu socorro, porque me abandonaste?). Porque quem pergunta, é porque
ainda ama. E, então, dá o máximo de um recado de Amor para além do perguntar:
se oferece. Jesus oferece o Espírito Santo que o havia fecundado em Maria. “Então,
Pai Querido, em tuas mãos devolvo o Espírito Santo (Ruah) para que o soltes à
humanidade!”. E, dando um grande grito, morreu.
Realizou, assim, o jeito mais amoroso de ser entre todos
os viventes, como aprendera com a sua mãe Homo Serviens desde a concepção.
Ambos, mãe e filho, são Homo serviens – ser humano que vive enquanto troca
serviços vitais! A mãe viúva, servidora do Deus da Vida. O filho Jesus escolhe,
mesmo contra a vontade, ser o servidor sofredor e despojado de Javé ( Deus da
Vida) mostrando coerência com sua mensagem: quem quiser ser o maior, seja o
servidor.
Tal mãe, tal filho. Eles assinam o mais perfeito jeito
divino no humano e o máximo do humano no divino. Feliz Páscoa não será
desenvolver esse ethos de Homo Serviens. Porque Páscoa (Pessah) significa
passagem do mínimo para o máximo. Páscoa no Brasil e na gente, caro leitor: em
todo exercício de poder de gênero, acadêmico, político, econômico e religioso
fazer valer a nossa identidade de pessoas servidoras da qualidade de vida para
todos e tudo.
Jaci Rocha Gonçalves é Padre Casado, Doutor em Teologia,
Filósofo, estudou comunicação no Vaticano e é Professor da Unisul.
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