Mutirão da Lei Aldir Blanc com os Guarani-Mbyá ameniza o sofrimento nas aldeias de Palhoça.

 Por Bruno da Luz - Estagiário da UnisulÂnima no Revitalizando Culturas

O Homo Serviens, Instituto Biocultural, reúne no Youtube cerca de 70 vídeos etnográficos feitos em aliança entre os guarani´mbyá de Palhoça, o Projeto Transversal de Extensão Direitos Humanos e Mediações Culturais da Unisul/Ânima e o Grupo de Pesquisa Revitalizando Culturas sobre arte e cultura indígena guarani-mbyá. Entre os conteúdos abordados nos vídeos, além das diversas histórias de vidas ali apresentadas pelos moradores da aldeia Itaty, Yakã Porã, Pira Rupá e Tataendy Rupá na Terra Indígena Morro dos Cavalos, tem como foco a produção do artesanato pelos guaranis como contrapartida ao auxílio emergencial vindo da Lei Aldir Blanc para artistas de Palhoça através da Prefeitura Municipal. 


Artesanatos estes que não são apenas souvenires dedicados à venda unicamente, eles possuem todos um significado específico. Sirlei Gonçalves Mirim, artesã e professora de artes e física do sexto ao nono ano na escola da aldeia, conta que começou a fazê-los aos 12 anos de idade observando a mãe e a avó. 


“Os colares afastam os espíritos maus. Assim como na maioria das aldeias, aqui fazemos com a semente lágrima de Nossa Senhora”. Sirlei fala detalhadamente sobre a produção destes e outros utensílios, como as pulseiras e as cestarias, que são uma marca feminina para os Guarani. Ela explica que no momento já não está mais tendo muito tempo para produzir estas últimas devido a outros serviços.


“Quando vendemos nosso artesanato, estamos vendendo nosso conhecimento”, segundo Sirlei. A pandemia influenciou de maneira bem negativa nas vendas já que grande parte do lucro vinha de eventos, que acabaram por ser cancelados. Em meio às adversidades, ela criou uma página no Instagram dedicada aos artesanatos a fim de divulgar e desenvolver o interesse das pessoas por eles.” Não só a sua produção é exposta no espaço mas também  a de todas as mulheres da aldeia.



Entre outros relatos, Rafael Araújo dos Santos, natural do Espírito Santo, conta que cresceu na comunidade dos Tupiniquins, grupo parte da nação Tupi que de acordo com dados do Funasa de 2010 conta com mais de 2,630 indivíduos. Rafael é morador da comunidade Pira Rupá, mas conhecida como aldeia do Maciambu também em Palhoça, segundo ele, vive entre os Guaranis desde os 18 anos de idade.


Ele explica que foi com seu tio, mais conhecido como “Verá”, que ele aprendeu a fazer artesanatos ainda muito pequeno junto de seu irmão com o qual costumavam juntos vender estes após prontos. Rafael diz que produz de arco-flechas a chocalhos, para mostrar mais sobre seu trabalho, ao longo do vídeo ele vai fazendo uma zarabatana. 


Segundo o prof. e antropólogo dr. Jaci Rocha Gonçalves, “os quase 70 vídeos são frutos de um grande mutirão de voluntários que junto aos cineastas indígenas como a Sirlei Mirim, docentes, estudantes de jornalismo e outros universitários da UnisulÂnima, docentes e egressos como a prof. dra. Leticia Barbosa e o presidente do Homo Serviens Ivo Silva Junior conseguiram aplicar a Lei Aldir Blanc em tempo de pandemia”. É um material educativo inédito e traz a autenticidade da voz Guarani-Mbyá, portanto, mostra um novo momento em que o povo originário fala por si tanto em sua língua guarani como em português. É um ótimo subsídio educacional, concluiu o prof Jaci. 


Este rico material se encontra disponível para todos a qualquer hora no canal do YouTube do Instituto Biocultural Homo Serviens.


Comentários

  1. Penachu da realeza junto com a coroa real de edisiooliveirabrito edizio Oliveira Brito edisiodopexi20@yahoo.com edisiooliveira285@gmail.com RG 07.149.677-77.

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  2. Parabéns pelo seu trabalho com capricho, zelo e a leveza que merecem artesãs/ãos milenares com sua espiritualidade aflorando em cada centímetro de arte!

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  3. Estive na aldeia há menos de um mês. Sirlei segue irradiando espiritualidade serena.

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