Unisul media mergulho cultural para Policiais Rodoviários Federais, na aldeia Yakã Porã
8h da manhã de 23 de outubro de 2018,
no meio da mata da aldeia Yakã Porã, na Enseada de Brito, 50 policiais
rodoviários, coordenadores regionais dos Centros de Direitos Humanos da
Polícia Rodoviária Federal, vindos de todo o país, iniciavam a vivência junto
dos guaranis aprendendo o mantra “orema, wherá mirim, nhandereko”, em
língua originária guarani-mbyá e gravado em cd com apoio do Programa
Revitalizando Culturas da Unisul nos idos de 2000.
Foi como se a Polícia Rodoviária
Federal voltasse a sua sensibilidade genética quando em 1928, na estrada que
vai do Rio de Janeiro a Juiz de Fora, nasceu como solidária dos transeuntes em
estradas de difícil trânsito; nascida, assim, para desencalhar e proteger as
pessoas na malha rodoviária.
Na roda de conversa, ao som das águas
da cachoeira, a presença diferenciada de policiais mulheres, quase 30% dos
participantes. Em seguida, iniciou-se a oficina de argila, uma experiência com
o povo milenar que foi reconhecido também como ceramista, uma vez que em 2007
na construção do acesso de luz pelo sul da ilha, através da Enseada de Brito,
descobriu-se na implantação, uma urna funerária arqueológica feita pelos
guaranis, conforme depois estudos confirmados pelo centro de arqueologia da
Unisul em Tubarão, através do laboratório pericial no Canadá.
A cacique Eliara fez um pedido aos
participantes e um informe sobre a oficina: “Não será uma oficina apenas de
argila, mas gostaria que cada um de vocês aproveitasse este momento e fizesse
um toque afetuoso na mãe terra que está em suas mãos. Amassem esse barro como
quem brinca no colo da mãe Terra!”. Muitas lições de surpresa intercultural
foram ocorrendo nesta roda dentro de uma futura casa em construção que vai ser
casa de reza, ao mesmo tempo casa de oração e casa de cura, como é costume do
povo guarani na busca da saúde integral.
Os policiais foram soltando o seu
espírito de vivência cultural e começaram a fazer do intervalo de cafezinho,
momentos de dança, eles mesmos tocando e cantando, vários ritmos do Brasil.
A vivência cultural se concluiu através
da experiência encaminhada pelo professor Dr. Jaci Rocha Gonçalves, da Unisul,
que trouxe explicações da arquitetura e engenharia guarani, sempre entremeado
pelo aprendizado de algumas frases em guarani, como saudações, além das
canções. Uma experiência linguística de quebra-gelo, vivenciada pelo sabor da
fala e também do dançar e do cantar em guarani, língua proibida por 250 anos,
desde 1755.
Aos poucos a vivência concretizou uma experiência profunda de estética, ou seja, de caminhos de construção de sentidos e de espiritualidade, até o momento da grande roda, quando, abraçados, se cantou de novo o mantra em guarani e concluiu com a lembrança de grandes figuras que na humanidade lutaram pelos Direitos Humanos. Além disso, o professor Jaci lembrou que três datas coincidiam com tal momento histórico: A lembrança dos 30 anos da Constituição Brasileira de 1988; Dos 11 anos da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas e há poucos dias da celebração dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos em 10.12.1948.
Aos poucos a vivência concretizou uma experiência profunda de estética, ou seja, de caminhos de construção de sentidos e de espiritualidade, até o momento da grande roda, quando, abraçados, se cantou de novo o mantra em guarani e concluiu com a lembrança de grandes figuras que na humanidade lutaram pelos Direitos Humanos. Além disso, o professor Jaci lembrou que três datas coincidiam com tal momento histórico: A lembrança dos 30 anos da Constituição Brasileira de 1988; Dos 11 anos da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas e há poucos dias da celebração dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos em 10.12.1948.
O professor lembrou que essas
celebrações abraçam um momento ético de renovação da humanidade ocorrido num
arco de 500 anos a.C. e cuja a memória de seus arautos nos ilumina até hoje
como Sócrates na Grécia, Sidharta Gautama, na Índia, Confúcio e Lao Tsé diante
das crises das dinastias antigas na China, Zaratustra em todo caminhar
dos persas da Babilônia e a escola do profeta Isaías no mundo judaico, que
deixou a profecia sobre o messias como Homo Serviens, ou seja, aquele que vem e
que se determina apenas por ser protetor de vidas, cultivador de cuidados com a
vida. Descrição assumida por Jesus de Nazaré em sua opção pelo modo de ser
Cristo.
Na vivência deste modo de
ser, como alguém que serve a vida, que jamais a machuca, é que se fez a
experiência última de um grande abraço em guarani, com a palavra Agujeveté, que
quer dizer “o Deus que vive dentro de mim, me faz animar o mesmo Deus amor que
mora dentro de você, na caminhada de nossas vidas”.
A Unisul, através do projeto Direitos
Humanos e Mediações Culturais teve a alegria de ver a lembrança de alguns de
seus ex-alunos da Unisul EAD, que fizeram curso sobre segurança em vários
lugares do Brasil e que estavam ali como coordenadores e animadores da vivência
em Direitos Humanos, através da Polícia Rodoviária Federal, que é a única que
tem esse tipo de malha de organização.
“Se fala muito em parceria entre as
entidades do Estado como a PRF e serviços comunitários, mas na verdade, esta
vivência nos ajudou a entender que com comunidades, não se pode fazer apenas
parcerias. Estamos levando dessa vivência o conceito revolucionário de aliança,
ou seja, aconteça o que acontecer, estaremos sempre em constante troca com os
povos indígenas. Essa nossa vinda aqui, tem esse tipo de horizonte relacional.”
Junie Penna, coordenador geral.
Jaci Rocha Gonçalves
Coordenador do Revitalizando Culturas
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