20 anos em 15 minutos: A naturologia e os indígenas

O XI Congresso Brasileiro de Naturologia realizado em outubro, na Unisul campus Pedra Branca contou com a participação de um dos mais antigos professores da naturologia, o prof. Dr.  Jaci Rocha Gonçalves. O decano extraiu algumas lições dos 20 anos de existência do curso na interação com os povos originários para as cerca de 800 pessoas nos três dias de congresso.

Prof Jaci lembrou que essa garota (referindo-se ao curso de naturologia) de 20 anos, soube frequentar o anti-lugar, ou seja, “lá onde estavam os invisibilizados da sociedade, a naturologia foi ser aluna deles e os trouxe para os espaços da universidade” desde os idos de 1998.

Recordou ainda vários exemplos de produções acadêmicas sobre o empoderamento dos povos originários tanto na área de linguística como na estética, ambas animadoras de construção de sentidos. Nessas produções se discute a arte de todas as formas (a arte da pintura, a arte da vestimenta, arte da trança, do balaio - adjaká, arte musical, arte da dança, arte dos mantras). A arte da musicoterapia contou cedo com a interação naturológica pelos estudos de prof. Analéia Maranhão e do naturólogo André Jimenez Carezzato.



Esses estudos e produções fizeram com que a naturologia aprofundasse via povos originários sobre o xamanismo  um dos três elementos de seu tripé de propósito de sua existência científica  junto a medicina chinesa e ayurvédica. Neste campo contam os alunos tem contado o auxílio competente do professor e mestre Roberto Marimon.

O segundo ponto importante ressaltado pelo prof. Dr. Jaci Rocha Gonçalves, foi o conceito de interação. Lembrou que o desafio é ultrapassar o conceito relacional reducionista da intervenção com as comunidades.

“A interação tem um caminho de ida e volta, um caminho interativo, isso propiciou a fidelização e antecipou o conceito que se tem na universidade de trazer ambientes de aprendizagem nas próprias comunidades.” afirmou Jaci


Todo o processo de interação e aprendizagem dos alunos, foi alicerçado semestralmente e anualmente na academia e nos espaços das comunidades indígenas, simultaneamente. O professor destacou os eventos, como as semanas culturais indígenas, como a troca de sementes que ocorrem anualmente no mês de setembro tanto nas aldeias como no campus. A presença de naturólogos nas aldeias tem seu ápice nas duas versões do Congresso Internacional Revitalizando Culturas sobre Indigenismo quando partilharam sua ciência voltada para os saberes dos povos originários. Constatou, enfim, o prof. Dr. Jaci Rocha que “a semente brotou e está crescendo; hoje há mestres e doutores indígenas que também são frutos deste processo, há mestres e doutores da academia de naturologia que continuam fazendo os trabalhos de uma academia a serviço não só dos conhecimentos, dos saberes e dos fazeres, mas sobretudo uma academia que admite que deve ser construtora de sábios e aprendizes de sábios populares.”

A lembrança e homenagem do professor Jaci, foi finalizada com o mantra “Índio do Uruguai”, abraçados num círculo em forma de útero e se engravidando do futuro, cantou-se:

“Eu Conheci um velho índio do Uruguai
Que fez e que faz coisas índias que o branco não faz.
Me disse que a Estrela-D'alva assim que sai
É hora de falar ao Filho em nome do Pai.
Disse que o mar, pára na areia
Me disse que fome de amor só o amor é que serve de ceia.” ♫ 


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