Testemunhos da I Troca de Mudas & Sementes da Palhoça



“Eu peguei uma semente muito interessante que se chama saboneteira!”
Alexia Oliveira*

 Eu cheguei para a oficina de Kombucha, logo após as provas da UnisulVirtual, era lá pelas 15 horas e já estava acontecendo a oficina de composteira no Horto Botânico da Unisul Pedra Branca. Eu conheci o projeto Semear Conhecimentos através da Daniela Pestana, o que me chamou mais atenção foi a forma como eles passam o conhecimento: de maneira clara, simples, inclusive para a educação infantil, perguntando: de onde vem o alimento? Do que é feito? Eles carregam sementes de Norte a Sul do país, é como uma linha paralela, na contramão do que a gente presencia, como a agricultura tradicional. Esse projeto leva sementes para o Brasil inteiro, as sementes crioulas circulam pelo território nacional, trocando as sementes como se fosse uma pedra preciosa, é uma verdadeira troca de vida.

“Agrofloresta:
Sementes de Santa Catarina
para Minas Gerais”

O conceito do projeto é a multiplicação das sementes. A ideia é quando plantar, também passar essas sementes ao próximo, como um ciclo. “Eu peguei as sementes aqui em Palhoça, e vou levá-las para Minas Gerais, e doar para alguns amigos que estão construindo uma agrofloresta.
As sementes são de girassol, feijões, arroz, amendoim e milhos. Sementes de árvores nativas do Cerrado, da Mata Atlântica e também mudas raras. Eu peguei uma semente muito interessante  que se chama saboneteira, que é uma árvore que dá um fruto e que possibilita a fabricação do sabão.

O projeto é bem interessante porque ele muda a maneira como vemos o alimento. Por exemplo, com o alto uso de agrotóxicos nos alimentos, as próprias sementes que compramos já vem modificadas geneticamente, sem falar do excessivo uso de venenos que são utilizados nos plantios. É todo um mercado que define o que vamos comer ou quais venenos vamos ingerir; porque nós não temos acesso as variedades de grãos de consumo e acabamos consumindo apenas um tipo de arroz, um tipo de milho que o mercado nos oferece.

“As pessoas precisam saber
que existem outras opções”

Mas nós temos uma imensa variedade de sementes que acabamos não consumindo ou por falta de conhecimento ou de mercado alternativo. Por isso, esse trabalho que o projeto Semear Conhecimentos fazem é muito importante, porque leva informação para as pessoas. Porque as pessoas precisam saber que existem opções, somente assim o indivíduo terá liberdade para escolher. Essa pequenas ações é que fazem acontecer a revolução no cotidiano.
Neste sentido, não vou esquecer dessa frase que a Daniela nos ensinou: “Nunca duvide da força de um pequeno grupo de pessoas conscientes e engajadas possa mudar o mundo. De fato, sempre foi assim que o mundo mudou.” Teve pessoas que só vieram para trocar mudas, as oficinas foram muito legais, são as pequenas mudanças que impactam o mundo.


*Testemunho de Alexia Oliveira, acadêmica do 4º ciclo de Naturologia/UNISUL.





“Toda vez que a gente discute reciclagem, a sociedade sai ganhando”
João Monteiro*

O nosso evento teve como objetivo fomentar a troca e a distribuição de sementes crioulas que tem um caráter de ancestralidade, de cultura e de autonomia dos agricultores, porque se você produz sua própria semente, não precisa investir comprando, assim reduz o seu custo de produção.

“O objetivo é disseminar e
 fomentar a redução de resíduos”

O primeiro Festival de Troca de Sementes de Palhoça contou com a parceria do Projeto Semear Conhecimentos, de São Paulo, o evento inseriu-se no 13º UniDiversidade, junto com o Revitalizando Culturas. Promovemos outras atividades, como a oficina de Kombucha que é a difusão da bebida fermentada da qual vem se tornando crescente o consumo entre as pessoas.

 Nós tivemos também outra oficina muito importante que é a composteira; um projeto oriundo da UFSC e de outros lugares do país e que tem como objetivo disseminar e fomentar a redução de resíduos que vão para os aterros sanitários, ou seja, esses resíduos orgânicos, reduzindo o impacto ambiental e o custo para as prefeituras e para os órgãos públicos que fazem essas coletas e dispensação desses resíduos.

A  idéia é que no mês do junho em 2019, se tudo ocorrer dentro da normalidade, nós tenhamos uma segunda edição do Festival de Troca de Sementes na UNISUL. Isto porque o cultivo das sementes começa logo no mês de agosto.

“A academia precisa ser esse elo
de fomento dessas práticas”

Toda vez que a gente discute reciclagem, toda vez que a gente discute a biodiversidade, toda vez que a gente discute plantas, as PANCS (que são as plantas alimentícias não convencionais), com certeza a sociedade sai ganhando. A academia precisa ser esse elo de fomento dessas práticas. Os estudantes de naturologia da UNISUL que ali estiveram, conseguiram ver uma riqueza de biodiversidade muito grande de muitas plantas e sementes, uma riqueza fantástica. Isso foi muito significativo para os alunos e para nós. Tivemos, por exemplo, a comercialização de alimentos que serviram de refeições feitas pelos alunos de naturologia. Eles produzem e comercializam seus produtos gerando a própria renda. A ação de trocar mudas e sementes é muito significativa pois cria uma rede de interação social, unindo pessoas com os mesmos objetivos em prol da biodiversidade e da economia solidária.

O Reciclo é um tema que veio para ficar. Nós precisamos, , cada vez mais, disseminar a reciclagem. Eu Reciclo! Não é só o outro que recicla. Assim vivenciamos uma responsabilidade com o meio ambiente, não só pela produção de resíduos, mas também pela destinação correta desses materiais.

*Testemunho de João Monteiro,  professor de Economia Solidária da EAD/UNISUL, da organização do Reciclo.



 Veja aqui a matéria completa do evento

Comentários

Postagens mais visitadas