Espiritualidades no timing da vida: Duas Saudades de setembro
Jaci Rocha Gonçalves* |
Anjezë Gonxhe Bojaxhiu/Santa Teresa de Calcutá |
Desde jovem padre,
meditava seus pensamentos e me inspirava em suas práticas. Essa admiração pela
mulher miúda e franzina acontecia em lugares e por pessoas as mais inesperadas
como pelos comunistas na cidade de Moscou quando lhe permitiram ter uma capela
com o Santíssimo Sacramento no Hospital de Moscou. Suas obras de amor aos
sofredores derrubaram fronteiras ideológico-religiosas e político-culturais
como na Índia no caso da cidadania dos Intocáveis.
Murad Ahamad Khan, no 1º Congresso Internacional Revitalizando Culturas |
Quem me clareou essa
visão foi a outra presença saudosa deste setembro do doutor indiano Murad Ahmad
Khan, um dos convidados de nosso 1º Congresso Internacional Revitalizando
Culturas sobre Indigenismo realizado de forma emocionante de 13 a 15/9/2016 no
campus da UNISUL Pedra Branca e no Centro Cultural Tataendy Rupá na aldeia
indígena Itaty do Morro dos Cavalos aqui em Palhoça (SC), sob o indispensável
apoio do PAEP/CAPES.
Em entrevista à TV
UNISUL, ele explicava que Madre Tereza de Calcutá passou a ser um símbolo
nacional de cuidado com a vida de todos. Sua presença solidária tem sido
memória determinante para que o dalit,
o Intocável, o cidadão sem casta, possa ter sua cidadania garantida como alguém
que conta na sociedade. E dizia ainda que essa forma de olhar e reconhecer a
dignidade humana do outro tem feito do cristianismo na Índia o caminho de
ascensão social para os dalit mais
que em qualquer outra das grandes espiritualidades da Índia como o Budismo e
Hinduísmo. Murad é de espiritualidade muçulmana.
Mahatma Gandhi |
Tenho insistido nessa
coluna sobre a força ética da biocracia, ou seja, aquela espiritualidade que se
deixa governar pelo valor da vida, de todas as vidas para além dos ditames do
mercado. Prova
dessa importância junto ao que Murad nos lembrava acima podemos lembrar que a
santa recebera o Prêmio Nobel da Paz, em outubro de 1979, muitas universidades
lhe conferiram o título "Honoris Causa"; em 1980, recebe a ordem
"Distinguished Public Service Award" e a Medalha Presidencial da
Liberdade nos EUA e a Medalha de ouro do
Comitê Soviético da Paz.
Eu me sinto condecorado
por essas duas saudades de setembro: o doutor Murad me vestiu com o Sadri,
jaleco que lembra Grandhi e seus ideais de não-violência ativa. Madre Tereza no
encontro inesperado dessa foto em Roma, um ano antes de sua morte, pôs suas
mãos em minha cabeça de padre reoptando por formar uma família e me diz: “Não tenha
medo, padre, Deus te abençoa!” São saudades que nos refazem. Vamu que vamu!
*Padre Casado, Doutor em Teologia, Filósofo, estudou
Comunicação no Vaticano e é Professor da Unisul.
Publicado Originalmente Jornal Cotidiano
em 30 de Setembro de 2016.
Reler esta crônica em 14 de setembro de 2021, é como retomar energias de sonhos sonhados por tod@s. Sonhos JÁ iniciados e AINDA NÃO concluídos! Iniciei hoje um mergulho no passado recente em vista da busca de novas atividades nos próximos 30 anos. Aweté! Axé! Shalom! Namastê! Amém!
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