Espiritualidades no timing da vida: Dois Franciscos e os jovens da SIDD

Jaci Rocha Gonçalves*

Depois da festa dos Arcanjos Gabriel, Miguel e Rafael fechando setembro, vem a safra dos santos fortes de outubro que mostram a diversidade rica da hagiografia cristã: dos Anjos, e Terezas contemplativas aos grandes títulos de Maria como o de Nossa Senhora Aparecida, libertadora dos escravos, 171 anos antes de 1888. Em 2017, são os 300 anos da façanha amorosa da Mãe de Jesus que não conseguiu ficar no céu vendo tanta violência na terra apelidada de sua Santa Cruz.Os santos de Outubro são encharcados de utopias factíveis; eles se parecem a jardineiros que na vibe da oração e ação crêem investir no ideal de Cristo de dar sua vida pela dignidade e qualidade de vida os humanos e toda a criação.

São Francisco de Assis e Papa Francisco
Neste sentido, tive duas graças especiais em dois momentos fortes de espiritualidade promovidos por jovens estudantes. A primeira foi com jovens do ensino médio em dois eventos. Na mensagem de conclusão da semana franciscana numa escola de Ensino Médio da região. Tive que modificar meu roteiro quando assistimos a uma rápida mensagem de abertura. Abriram-se as cortinas e no palco, conversando num banco de jardim, aparecem as figuras de dois Franciscos – de Assis e do papa unindo oito séculos.

Nos diálogos, o Francisco Papa sendo questionado pelo Francisco Santo – lembrando logo ao Papa que Francisco Santo era só ele, por enquanto, e perguntando o porquê do uso da linguagem diária de hashtag, twitter e internet. Vai ser difícil esquecer o papo descontraído, de alegre leveza daqueles dois jovens que vieram misturar-se à platéia e me fizeram mudar toda a dinâmica da conversa. Eles conseguiram unir naquele fim de manhã os tempos e desafios dos dois Franciscos: de teimar promover o encontro das diferenças como riqueza, de um lado, e do reencontro com a natureza como nossa Casa Comum, de outro lado.

Essa juventude que tem como hashtag o compromisso com a qualidade de vida para todos e toda a criação, a encontrei ainda na mesma semana da SIDD (Semana da Integração Discente Docente) no campus da Unisul Pedra Branca: centenas de estudantes do Ensino Médio da região visitando laboratórios, dependências e todos os espaços de nossa universidade comunitária. O Unisul Experience para escolas particulares e inúmeras escolas públicas. Jovens que sabem de seus direitos e possibilidades de acesso ao ensino universitário utilizando programas como PROUNI, PROÍNDIO e sistemas de financiamento acessíveis como o FIES.
Unisul Experience
Foto: Wellington Heinz e Gabriela Ferrarez

Quando os olhava, alguns com piercing e muitos com tatuagens, ficava emocionado  imaginando os históricos que terão em seus cotidianos. Semelhantes aos da aluna de um curso da área da saúde cujo dia começa às quatro e meia da manhã e o retorno à casa às dez da noite. Tempo investido entre estudo e o trabalho para pagar o que vai muito além da mensalidade coberta pelo governo, fruto dos impostos que lhe pagamos.  

Quando me percebi, estava desfiando as contas do rosário que recebi de um casal guarani feito com sementes e cruz de cedro. A outra graça foi a espiritualidade ativa nas visitas que curti no SBPC. Fica para a próxima crônica, amig@s. No embalo dessa garotada, vamu q vamu!  


*Padre Casado, Doutor em Teologia, Filósofo, estudou
Comunicação no Vaticano e é Professor da Unisul.

Publicada originalmente no
Jornal Cotidiano em 17/10/11.

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