Espiritualidades no Timing da Vida: Setembrada 2
Jaci Rocha Gonçalves*
Dá-lhe vida e democracia biocrática! Foi o grito de setembro de 2016.
Gratidão
por viver. Meu niver de 67 anos teve
direito a serenata-surpresa com sabor andino e na praça do face mais de 500 amig@s. Foi impossível não chorar na hora do nome
por nome, rosto por rosto e, em cada nome e rosto: a história sagrada de cada vida com seu jeito singular, qual DNA
irrepetível.
Depois,
foi a vez do convite para ir à missa de gratidão pelos 25 anos de Orionópolis
Catarinense da sede de São José. Em 2017, serão os 30 anos da sede de Capoeiras
onde hoje segue firme o acolhimento de crianças no CEDO – Centro Educacional
Dom Orione. Ambos os serviços documentam a força que tem as comunidades quando
se organizam em mutirão e resolvem assumir o protagonismo do cuidado com a vida
de todos (biocracia). Sou agradecido em participar e animar esse processo
definidor de valorização da força comunitária que no serviço de cuidado com as
vidas mais fragilizadas não dispensa ninguém seja da religião, etnia e
ideologia que for.
Depois,
de 13 a 15 no campus da Unisul Pedra Branca e na aldeia Itaty, os 18 anos do
Unisul/Revitalizando Culturas, ecoando mundialmente as experiências de
solidariedade refletidas nas grandes rodas de conversa sobre o indigenismo,
unindo forças no 1º Congresso Internacional Revitalizando Culturas. Mais uma
vez a constatação de que a história humana se faz e se refaz quando os
sujeitos, no caso os indígenas, caminham organizados fazendo a hora acontecer.
Dendobrium tipo de orquídea mais popular no mundo pela sua beleza e facilidade de plantio e cuidados |
Por
último, a lembrança mais definidora de minha vida nos últimos 21 anos: a graça
de construir uma família graciosa e guerreira. A mãe de meus quatro filhos tem
se inspirado no conhecimento e cultivo de orquídeas. Dentre todas as orquídeas,
tem uma dendobrium que conta nossa
rica história de amor. Foi oferecida à jovem linda e voluntária resolvida que
trouxe seu grupo de danças de crianças de rua para inaugurar a Orionflores, em
setembro de 1991. As crianças estimularam os primeiros 32 moradores da
Orionópolis a renovarem suas razões para viver. Uma espécie de troca geracional
de energias.
Janaina,
minha querida esposa, cultiva a linda e perfumada dendobrium que de início simbolizou gratidão amiga e, mais tarde,
fio condutor e testemunha de nossa história de amor.
É
uma setembrada com abundância de celebrações de gratidão, louvor e compromisso
biocrático. Com uma prece insistente e confiante unida ao que o papa Francisco
falou com Nossa Senhora Aparecida, em Roma, preocupado com a democracia no
Brasil: a continuidade do cuidado com a vida de todos, mas privilegiando os
pobres para que não sejam condenados a voltarem sob a linha da miséria. Votar
doravante significa exigir dos eleitos, a vivência dos compromissos. E que as
manifestações passem a ser hábitos municipais. Da democracia representativa à
participativa-biocrática. Amém!
*Padre Casado, Doutor em Teologia, Filósofo, estudou
Comunicação no Vaticano e é Professor da Unisul.
Publicado Originalmente Jornal Cotidiano
em 19 de Setembro de 2016.
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