Terÿ Marae-y: voz guarani nas escolas de SC
Espiritualidades
no timing da vida
Escrito por: Jaci Rocha Gonçalves
Às 18h da
quinta-feira, 19 de novembro de 2015, no 8º UniDiversidade junto à Passarela Verde
da Unisul Pedra Branca, os instrumentos tradicionais do coral Kuaraí Ouá
(Renascer do sol) dos guarani-mbyá da aldeia Marangatu (Terra da paz) de Imaruí
(SC) vão sustentar suas músicas mântricas e as danças do CD Terÿ Marae-y (Nome
sagrado). O CD compõe o kit Diálogos Culturais
a ser entregue a todas as escolas de Santa Catarina e, cuja exposição, se
encontra no MIS/MASC do CIC nessa novembrada.
Gravado em 2002
sob a força da Unisul, Orionópolis Catarinense e FCC, lá se vão 13 anos desta
obra de arte com autoria plena dos guarani. São 13 composições de Inácio da
Silva Werá Mirim. “Após semanas na floresta da Serra do Tabuleiro, Namandu me
ensinou estas músicas!”, disse-nos ele, ao entregar as composições.
Foram gravados
três CDs no arco de 10 anos trazendo curiosas revelações deste povo de perfil
sereno, alegre e resistente. No CD, crianças e jovens guarani partilham
valores, memória de seus ancestrais e resgatam ideais que o tempo não mata: o
maior deles – recuperar territórios sagrados como em Palhoça, o Morro Sagrado
de seus ancestrais, conhecido como Morro dos Cavalos.
Na música, rezam,
cantam e dançam na língua guarani: "Oreruvixá
Xepe Tiaraju Nhandeyvy re rejejuka / Nhandeyvy re rejejuka ore katu ndera / Ky
kuere rojae ó vyro porai rojae ó vyro / Pi ore torovy ndera ky kue ru / Pi ore
torovy a."Nosso chefe Sepé Tiaraju / Você foi morto injustamente pela
defesa da nossa terra sagrada / Nós hoje cantamos a todos sem distinção e
choramos em silêncio / Sua morte seguramente não foi em vão / Depois da sua
morte houve um grande silêncio por toda a terra / Nosso povo ficou triste / Mas também muito feliz / Porque o
seu sangue inocente, nosso irmão, banhou a terra / A sua coragem nos traz força
e esperança neste nosso canto sagrado."
A terceira
curiosidade é que, após o registro pelo ECAD na Biblioteca Nacional, com
partitura e todos os requisitos, veio a notícia de que é o primeiro registro de
músicas em guarani desde a proibição do uso da língua Nheenkatu há 250 anos.
Espiritualidade
em cada verso, som, instrumentos, pinturas corporais e figurinos, Terÿ Marae-y,
foi escolhido pelo MIS/MASC para repassar aos nossos filhos em todas as escolas
catarinenses as sabedorias plurimilenares guarani com sua autoridade direta.
Palhoça,
cujo nome mistura palha + oca (casa de
palha em guarani), possui ricas memórias deste povo sagrado pelos nomes de seus
morros, florestas, animais e rios. É o município catarinense com mais aldeias
guarani de SC. E terá lucidez suficiente para resolver com respeito e dignidade
os conflitos de terra, sem deixar-se levar por grupos nacionais de ganância que
incentivam o ódio e a discriminação. Rezemos com o coral Kuaray Ouá na
passarela verde da Unisul Pedra Branca.
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