Espiritualidades no timing da vida
Espiritualidades no timing da vida
Outubro: Anjos, Franciscos,
Terezas, Crianças e Aparecida
Escrito por: Jaci Rocha Gonçalves
Escrito por: Jaci Rocha Gonçalves
Na
bancada da TV, durante debate sobre o Projeto de Lei 6583/13, estavam: à minha esquerda,umaparticipante
laicistaque reclamava da imposição de conceito minimalista sobre família feita
por alguns partidos de maioria evangélica ultraconservadora; À direita, um
bispo evangélico que classificava as posições do Papa Francisco como
comunistas. O jornalista moderador da emissora era de religião judaica e
perguntava pelas saídas para o Estatuto da Família diante de tantos
fundamentalismos com base religiosa.
No
primeiro bloco ponderei que o Congresso perdera uma grande chance de dar voz e
consultademocrática ao povo. Lembrei que o Papa Francisco deu exemplo de
democracia,fazendo consulta em todas as comunidades católicas sobre o tema da
família hoje.Nosso diálogo no debate não foi tranquilo. Voltei pra casa com o
sabor de conversa incompleta.
Lembrei-me,
então, das espiritualidades cristãs própriasdos meses de outubro. E começo com
as lembranças de Tereza, jovem santa que morreu aos 24 anos de idade,
tornando-se padroeira das missões inclusivas. Ela vivia sob o lema “muitos
falam de Deus aos homens, nós falamos dos homens a Deus!”. Nunca saiu do
claustro, mas vivia em sintonia plena adotando a inclusão da humanidade em sua
reza com o Divino.
No
dia 03, o mês de outubro nos brinda com os Santos Anjos, devoção não apenas de
católicos, mas também dos que descendem da Mama África e dos povos originários.
Quem esquece o “Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador...”?
Tereza
e os Anjos são duas devoções, heranças de nossos ancestrais, que só completam o
ciclo com o santo homenageado do dia 4 de outubro: São Francisco de Assis.
O
jovem todo desprendido da Praça Central de Assis, sem roupa, sem grana, sem
fama, sem sobrenome, se embrenha na floresta adotando nova família com um único
sobrenome: ser vivo! Parente das aves e árvores, do sol e da lua, dos animais
da terra e das águas. Dentre os humanos, elegeu como íntimos os ditos leprosos,
aqueles que viviam excluídos fora dos muros de sua cidade.
Os
amores de sua aliada, Clara de Assis, e de seus amigos que buscavam novos e
profundos sentidos, remexeu aos poucos as estruturas sociais pesadas e
encardidas pelo contexto de ambição e desigualdade. Ele mais pareceu uma versão
de Cristo medieval para remoçar a vida das crianças de seu tempo e de nossos
tempos - crianças com a autoridade dada pelo povo Guarani(bem antes dos tempos
de São Francisco): “são nossas educadoras, porque são mensageiras de Nhanderu,
nosso Pai”.
Nosso
povo criou-lhe o apelido carinhoso de Chico. Foi um ser humano inspirador, sem
fronteiras religiosas e ideológicas. Mas as espiritualidades dos outubros têm
muita riqueza a explorar de outros Franciscosinspirados na Aparecida pescada
nas tarrafas e perturbadora de estruturas escravocratas. Depois do debate,
pensei muito mais. Mas fica pra próxima coluna amigos!
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