A Semana Cultural Indígena na visão do estudante Ryohei Funaki


O cachimbo Petynguá passado a Ryohei

A Semana Cultural do povo guarani do Morro dos Cavalos, em Palhoça, neste mês de abril poderia até ter como objetivo ensinar as pessoas sobre os indígenas, mas para o estudante de Naturologia da Unisul, Ryohei  Funaki, foi mais que isso: foi uma integração. Foi sobre conhecer e conviver com novas pessoas durante aquela semana. Envolveu mais que palestras e novos conhecimentos, envolveu também brincadeiras, boa recepção e novos amigos. 

O símbolo da água
Ryohei relatou suas brincadeiras com as crianças ao chegar na aldeia na segunda-feira, enquanto acontecia a abertura do abaixo-assinado  Homologação Já . No almoço, o estudante de naturologia, se prontificou a ajudar na cozinha em quase todos os dias. Na tarde do primeiro dia, durante a roda de conversa com caciques de três aldeias, “falaram sobre a luta na frente do Palácio do Planalto, quando tinham mais de 1500 policiais os detendo. Então, eles pegaram os três principais líderes das aldeias colocaram no camburão com gás lacrimogênio.” relatou o jovem sobre o momento mais marcante da conversa.

Na terça, o rapaz conheceu a aldeia Yakã Porã, comandada pela cacique Elizete. A cacique o recepcionou em sua casa, ofereceu café e almoço, deixando-o a vontade. Depois do almoço, os indígenas ofereceram o Petynguá, cachimbo com tabaco “eu achei bem forte, então não consegui terminar de fumar. Mas eu fiquei bem feliz que eles me ofereceram.” relatou o jovem.

Quarta, a programação dizia que teria pintura corporal para as mulheres, mas não foram só as mulheres que se pintaram, Ryohei se pintou também. As pinturas em suas costas significam o símbolo feminino: equilíbrio, amor e proteção, nos braços direito e esquerdo significam o homem relâmpago e a água, respectivamente, e na perna direita, tem o símbolo da cobra coral. Também na quarta, o jovem foi presenteado com um colar pela Lúcia, a senhora que cuidava da cozinha, por ter gostado da sua ajuda naquele dia. 
Nas costas, o simbolo feminino. No braço esquerdo, simbolo do homem relâmpago.
Em alguns dias, a semana cultural recebeu estudantes, na terça, os estudantes de história da UDESC foram para a trilha ecológica, conheceram sobre a agricultura local, na aldeia Yakã Porã. A agricultura tem como princípio não maltratar a natureza plantando apenas um tipo de alimento, o que faz a terra empobrecer. Lá, acabam misturando tudo, para que um ajude o outro a crescer. Já na quarta-feira, receberam estudantes de pedagogia da Faculdade Municipal de Palhoça, que questionaram sobre a escola indígena, como funcionava e qual é o plano de ensino que eles seguem. Houve uma pequena visitação na escola e nas salas de aulas. E na quinta, receberam também estudantes de engenharia ambiental da Unisul, para produzir uma maquete em conjunto com um estudante da UFSC e de Ryohei. 

O aspirante a naturólogo relatou a importância da experiência para a sua profissão “Eu conheci mais pessoas e como elas viviam, e é sempre bom conhecer a história das pessoas, independente se são indígenas ou não”. Também notou diferenças entre os índios de lá para os daqui, “os índios daqui fazem churrasco, os do Pará e do Maranhão não faziam” relatou surpreendido. 
Simbolo da cobra coral

Ryohei concluiu falando sobre o motivo de conhecermos os índios e sua cultura, falando sobre os brancos invadirem o Brasil, e sobre a homologação, já que a Terra era, inicialmente, deles. “Bom, eles moram no mesmo país, né? Principalmente os brasileiros, povos não indígenas, no caso. E faz parte também, não só das culturas dos indígenas, mas como os não-indígenas que vivem aqui, pelo menos saberem como não tem nada de diferente entre eles e os indígenas, só que índios já estavam aqui antes e a gente tá tirando a terra deles.” 


Entrevista e texto.
Stefany Antunes
Estagiária de Jornalismo Revitalizando Culturas
Orientação: Professor Dr. Jaci Rocha Gonçalves


Comentários

  1. Muito pertinente sua contribuição, nesse trabalho parabéns, principalmente ao expor sua experiência é vivência na vida acadêmica, servindo de estímulos para os demais.

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