Povos Originários Solidariedade e reparação ainda que tardia.
O 11º UniDiversidades abraçou de
novo a causa dos povos indígenas. E uma causa que demanda resistência e
insistência. As ações de reparação cultural com os povos originários
exige que se trabalhe para atingir um tripé de empoderamento, ou seja, para que
se fortaleça a auto-estima a auto-sustentação e autonomia, conforme
Lévi-Strauss. Deste modo, cada povo poderá se reapropriar das características
de seu ethos cultural. De fato, há três frentes de atividades políticas
complementares para que se dinamize essa revitalização cultural.
Crianças Guarani do Morro dos Cavalos brincando próximo da OPY |
Artesanato indígena |
Primeira
frente é assistir e acolher. Nesta etapa há a necessidade, por certo tempo, de
socorrer com a complementação de alimentos, vestuário, etc enquanto se estimula
a produção, seja de trabalhos artesanais, trocas de sementes e outras
atividades que o Revitalizando Culturas tem animado nas aldeias. Especialmente
quando se trata das atividades comunitárias como os mutirões para construir ou
reconstruir a OPY (casa de reza, terapêutica e medicinal), onde se resolvem os
problemas que cercam a aldeia e seus moradores diante de Nhanderú (Deus).
Segunda
frente é promover. É uma etapa da política em que a comunidade reivindica seus
direitos e de suas possibilidades, constrói infraestrutura como escolas,
empodera grupos internos e externos de artesãos(ãs) para produção e venda;
fortalece as estruturas da OPY, a fim de que a saúde e a unidade interna possam
se consolidar.
Terceira
é a frente da política organizacional. As comunidades indígenas nas aldeias dos
vários povos tem-se organizado inclusive nacionalmente. As lideranças dos mais
de 180 povos originários sobreviventes tem se manifestado
usando tecnologias de facilitação pelo aplicativo WhatsApp para organizar
manifestações em Brasília e outras cidades, fato repetido várias vezes em 2017,
com apoios internacionais como a Rede Solidária Sokhrates, aliada do Instituto
Homo Serviens. Essas grandes movimentações pedem pelo respeito e realização
dos direitos dos povos originários.
Desde a
Constituição de 1988, vai fazer 30 anos, que o Brasil iniciou um grande
processo de reparação aos genocídios e extermínio das culturas indígenas. A
ONU, faz 10 anos, fez a Declaração Universal dos Direitos dos
Povos Indígenas. Mas há muito que fazer nesses processos de reparar pelas
situações crônicas de condenação ao não-ser, ao não-valer como povos sem voz e
sem vez.
Portanto,
o fôlego da solidariedade é exigente, haja fôlego longo! Porque longo também
tem sido o processo de deculturação dos povos ameríndios. Daí a urgência de
insistir nessa revitalização de suas culturas.
Copydesk e fotos: Bianca Taranti
Coordenador e texto: Jaci Rocha Gonçalves
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