Espiritualidade no timing do cotidiano
Paz em 2017. 2+01+7= ?
Jaci Rocha Gonçalves *
Car@
amig@ leitor/a. A utopia factível da paz tem sido tema dos janeiros. A dica a todas as espiritualidades veio do
Papa Paulo VI em 1º de janeiro de 1967. Três meses depois, em março, na famosa
carta encíclica sobre o Progresso dos Povos (Populorum Progressio) o sábio papa
Montini explicou que entendia a paz como o desenvolvimento da vida para todos. Neste
janeiro de um ano que soma dez, alguns de nossos velhos sábios, teimosos
cultivadores da paz com este significado, nos deram “até logo!”
Faz três horas, enquanto partilho essa crônica, recebi esse inbox no face: pai, Zygmunt Baumann se foi. Em seguida, um post de um amigo mineiro lembrou que em entrevista no Observatório da Imprensa, em 2015, o filósofo polonês se mostrou surpreso com os avanços sociais brasileiros por uma paz concreta bem conforme ao conceito de Montini que lembrei acima: “representantes de 66 governos do mundo vieram para o Rio de Janeiro para se consultarem, para aprenderem sobre a experiência de retirar 22 milhões de pessoas da pobreza. Ninguém mais repetiu esse milagre, apenas o Brasil até agora", disse Baumann.
Há
várias outras fontes de espiritualidade que confirmam a necessidade urgente de viver este foco da
ciência da paz, ou seja, como criação de oportunidades iguais para o
desenvolvimento de todas as vidas no planeta de forma não-violenta ativa e
criativa. Um dia desse janeiro na livraria, enquanto minha filha de nove anos
procurava o clássico Menino do Dedo Verde, de Maurice Druon, me vi folheando um
diálogo entre Daniel Goleman, o guru de inteligência emocional e o Dalai Lama,
papa do Budismo Tibetano. Após exílio de 50 anos, o sorridente Lama insistia
que a maior ameaça à paz é esse sistema intrinsecamente
anti-ético de gerir a economia para o lucro de pouquíssimos.
O
papa Francisco na mensagem sobre a paz para 2017 lembra o Mahatma Ghandi,
apóstolo maior da não-violência, Khan Abdul Ghaffar Khan, muçulmano
paquistanês que defendeu a escolha não-violenta de Gandhi, e Martin Luther King. Entre as mulheres, Francisco lembra
a terapeuta e prêmio Nobel “Leymah Gbowee e milhares de liberianas, que
organizaram encontros de oração e protesto não-violento (Pray-ins) conseguindo negociações de alto nível para o
fim da segunda guerra civil na Libéria”.
Aqui
pertinho demos “até logo” ao mucisista e
teólogo padre Ney Brasil, o amigo dos detentos, e ao professor e prefeito
Sérgio Grando, que soava um sininho ao subir os morros chamando o povo para o plano
participativo nos anos 80. Ambos tinham em comum a dica do papa Francisco: o
cultivo da “não-violência ativa e criativa como estilo de vida e um estilo de
fazer política”.
Neste
2017, completam-se 50 janeiros deste santo aprendizado de irenelogia (ciência
da paz) como inclusão da qualidade de vida para todos e tudo. Somos milhares
nessa procissão de maioria anônima comprometida a “cultivar comunidades
não-violentas, que cuidem da casa comum”. Vamu q vamu! 2017 repropõe velhos
desafios à irenelogia.
*Padre Casado, Doutor em Teologia, Filósofo,
estudou Comunicação no Vaticano e é Professor da Unisul.
estudou Comunicação no Vaticano e é Professor da Unisul.
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