Espiritualidade no timing da vida.
Jovens olímpicos: espiritualidade da
esperança.
Jaci
Rocha Gonçalves*
Car@ leitor@. Fechamos julho com jovens exemplos de espiritualidade
da esperança evocada pela multimilenar chama olímpica que passou rápida em
Palhoça nas mãos de pessoas exemplos de solidariedade humana e com a mãe
natureza. Um exemplo dessa espiritualidade da esperança digna da tocha olímpica
foi a presença consciente de jovens indígenas
organizados no OcupaFunai. Pouco ficamos
sabendo pela mídia da extraordinária ação de cidadania que foi o OcupaFunai no dia 13 de julho em todo o
Brasil. Repasso o resultado do face de
um deles: “Bom dia amigos de lutas, passando para dizer que nosso esforço
conseguiu traduzir o que se passou no país nessa quarta-feira: 83 etnias foram
às ruas e ocuparam mais de 20 prédios da Funai, contra o sucateamento da
fundação e o sistemático assassinato de indígenas por fazendeiros em todo o
país. Além disso, várias solicitações de respeito à cultura e à demarcação imediata
das reservas indígenas.”
Tive a graça de comungar esse momento-surpresa na
Funai de São José/SC. 80% dos participantes eram da nova geração indígena
universitária das etnias guarani e laklaño do litoral catarinense. Jovens que vi
crescer desde o colo nos últimos 25 anos. Agora lideram seu povo e, sob a
oração do fumo sagrado e da sábia presença dos velhos, articulam-se de forma
serena, rápida e consistente, com o uso consciente da internet. Parecem
seguidores do último viral do papa Francisco no vídeo Toghether (Juntos): “Queridos jovens, sei que tem algo em seus
corações que os agita e os torna inquietos, porque um jovem que não é inquieto
é um velho. (...) A juventude gera inquietude.”
Os amigos universitários
de meus filhos, vários são alunos dos cursos da UNISUL Pedra Branca,
mostraram-me outros exemplos como a conexão em que curtiam um retiro online de férias sintonizados a 100 mil
jovens reunidos na semana de espiritualidade em Cachoeira Paulista. Essa
espiritualidade da esperança se articula também entre jovens organizados nas
comunidades de Palhoça. Como no retiro de férias dos jovens da Enseada de
Brito. Com minha esposa Janaína e as
filhas pequenas, ficamos misturados a uma grande roda de jovens fazendo orações
dançantes em torno de uma enorme fogueira na madrugada fria que antecedeu a
digitação dessas linhas. Eram uma centena de jovens que reuniram os pequenos grupos a que chamam
de células, espalhadas no corpo de suas 17 comunidades que vão desde o Rio
Cubatão até o Rio da Madre, sul de Palhoça.
Fico imaginando o que pipocam de
retiros de jovens sedentos por um Bem Viver inclusivo da sociodiversidade e da
biodiversidade. Há um oceano de jovens correndo contra a lei da morte, do
desastroso e do sinistro. Eles seguem fazendo valer notícias de justiça, paz e
alegria, inspirados em sua fé. Seguem insistentes na espiritualidade da
esperança teimosa, apesar dos
freqüentes silenciamentos midiáticos
quando se trata de noticiar com ênfase fatos de notória prevalência da
solidariedade e participação das comunidades em seus direitos de organização.
Estão linkados no exemplo de
Francisco e muitas outras presenças próximas e mundiais comprometidas com a
espiritualidade da esperança. Estão de olho, sintonizados e dispostos a ativar
essa energia viralizando possibilidades de vivência mais justa e solidária, sem nada dever à alegria. Então,
amig@s, vamu q vamu porque a
filharada está sinalizando para a espiritualidade da esperança na maratona
olímpica do difícil plantio do Bem Viver.
*Padre Casado, Doutor em Teologia, Filósofo, estudou
Comunicação no Vaticano e é Professor da Unisul
Publicado Originalmente em 03/08/2016
Jornal Cotidiano Pedra Branca.
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