[Vivências] Sábado de trabalhos na Aldeia Yakã Porã
Relatos da
vivência dos presentes na aldeia Yaka Porã no sábado 09 de março de 2019,
conforme notícia publicada no Unisul Hoje (Clique aqui).
Agradeço ao
professor Jaci que fez essa ponte, agradeço muito ao Sérgio e Janaiara que são
meus amigos e fizeram arrecadação dos alimentos. Eles são terapeutas, dão
cursos e têm realizado uma vez por mês uma palestra na Aldeia Indigo e a partir
dessas palestras eles tem arrecadado alimentos, cerca de 50kg de alimentos por
mês e há 2 meses que eles vêm juntando alimentos e procurando um lugar para
poder disponibilizar o que foi arrecadado. Ele entrou em contato comigo e
lembrei do professor Jaci que sempre está disponibilizando doações para os
povos guaranis. Há algum tempo tenho que já me relaciono com as aldeias aqui do
Continente de Santa Catarina. Conheço um pouco da necessidade desses povos, em
muitos casos povos bem carentes, que necessitam de auxílio concreto, tanto do
ponto de vista material, financeiro, quanto do ponto de vista de intercâmbio
com a cultura branca.
“Nós co-criamos. Construímos um
projeto chamado Florescer Holística que diz respeito aos nossos atendimentos
enquanto terapeutas bioenergéticos, terapeutas holísticos na área do reino xamânico
ancestral, na área da ginecologia natural, da cura com cristais, ervas, também
outros tipos de atendimento terapêuticos.
Alexia e Bagé, representante COPAGRO |
Alexia Ferreira
de Oliveira, sócia do IHS e acadêmica do 5º semestre de Naturologia:
“O que marcou a
minha vivência nesse dia foi estar com as crianças e, em um breve instante, me
dar conta que todo aquele movimento faz parte da Cultura Guarani. O fato das
próprias crianças participarem da construção da escola onde irão estudar com seus
primos e irmãos, a professora construindo seu próprio local de trabalho e a
comunidade construindo sua realidade e autonomia no processo, é emocionante.”
Ellington Colombi Martins, Engenheiro
Civil:
“Foi uma
experiência gratificante. Conviver por um dia com uma cultura tão diferente da
nossa é algo enriquecedor. Difícil compreender algumas coisas, mas cabe a nós
refletirmos e entendermos que é, de fato, outra cultura. O contato com a
natureza e com a simplicidade deles nos faz reavaliar nossas reais
necessidades. Foi verdadeiramente uma experiência muito preciosa. Chama a
atenção a educação das crianças e a pacificidade de todos.”
“O que me levou
a conhecer e participar do projeto é que eu sempre acho uma experiência muito
enriquecedora você ter contato com outras realidades. Isso me faz entender um
pouco melhor e compreender um pouco melhor as pessoas ao meu redor. Indiferente
de onde seja, ou o que fazem, de onde vem, eu faço medicina e estou no meu
quinto ano, vou me formar no ano que vem, entro em contato com diversos tipos
de pessoas todos os dias que procuram atendimento e ter um conhecimento
ampliado das diversas realidades me faz crescer muito pessoalmente. Eu sempre
acho que o meu crescimento como pessoa é maior do que a minha própria ajuda. Acrescenta
muito mais pra mim, eu tenho mais a receber e crescer, do que a minha ajuda perante
as outras pessoas. A acho sempre válido, sempre muito positivo.
Eu tenho muita
vontade de voltar lá, até porque a gente cria um certo vínculo, principalmente
com as crianças. A gente quer saber como eles estão e se melhorou, se a nossa
ajuda vai conseguir melhorar um pouco a realidade deles, isso é sempre
positivo.
Espero poder
voltar. Fico muito agradecida pela oportunidade, pela Makelis de ter ido lá
conhecer e ela ter me explicado um pouco mais. Eu já conhecia algumas tribos
indígenas lá no Rio Grande do Sul, mas nunca tinha estado em contato dentro de
uma aldeia. Então ter estado tão próximo foi muito bom, só tenho agradecer,
espero poder voltar e, como eu disse, é sempre muito mais enriquecedor pra mim
do que o que foi a minha própria ajuda. Conhecer as outras pessoas, estar em
contato com as outras pessoas, sentir as necessidades delas, sempre faz com que
a gente volte prá casa com um olhar diferente.”
Gustavo Jubiraci Droguetti Lanza
Estudante de
naturologia da Unisul
Gustavo, Karaí Antunes e Sérgio no recebimento de 60Kg de alimentos doados a aldeia |
A gente teve a
possibilidade de chegar até eles. Fomos recebidos pela cacique Elizete, uma
mulher com uma visão de ponta, muito feliz. Eu já conhecia a irmã dela, a
Kerexu, agora dentro da luta política, levando as pautas indígenas para dentro
do ambiente político estadual e nacional. De fato, muitas vezes eles chegam até
Brasília e fazem intercâmbio com outros povos.
Foi uma
felicidade muito grande chegar ali para levar esses alimentos, no sentido
também de todo intercâmbio que a gente realizou, podendo conhecer os projetos
da cacique Elizete. Vibramos com a sua iniciativa de organizar o mutirão para
construir a escola, com todas as visões que ela tem no que concerne à
sustentabilidade dos projetos de bioconstrução. Há uma organização ambiental dentro
dessa aldeia e toda a vontade dessa cacique, uma liderança feminina resolvida a
cada vez mais cultivar nesse mundo bons valores na relação com toda a
humanidade. Enfim, só gratidão e que possamos realizar mais vezes este
intercâmbio.”
Sérgio de Mello
Junior com a esposa Janaiara Furtado:
Sérgio, a esposa Janaiara e seu filho |
Mas
todos nós temos uma conexão ancestral com os indígenas, culturalmente e na
linhagem genética mesmo. Então pra nós foi uma satisfação muito grande poder
converter as doações que nós temos em alimentos que foram arrecadados em
palestras gratuitas que nós damos uma vez por mês num espaço chamado Aldeia
Indigo, no Campeche.
Através deste irmão Gustavo, nós conseguimos o contato dessa aldeia. Ele
levou a gente lá e não foi apenas doar alimentos, mas sim ouvir a voz
ancestral, a voz do povo nativo desse litoral. Ver quais são os planos, qual o
projeto da aldeia, fiquei muito feliz com o projeto de agrofloresta,
bioconstrução, escolinha, isso me deixou realizado de poder estar levando os
alimentos ali. aconteceu algo bem maior que uma doação. Passamos a tarde
rezando, um verdadeiro reencontro, um resgate ancestral.
Quero mobilizar todos os meus alunos também, eu dou
curso de Damiana que é cura vibracional piradiana, depois rede xamânica
ancestral. Então vamos mobilizar estes mais de 100 alunos aqui na ilha de
Florianópolis, fazendo uma corrente de auxílio, para participar das oficinas,
para estar se integrando com a nossa ancestralidade.
Uma
integração dentro da verdade, dentro da realidade, do que é necessário, do que
está acontecendo politicamente, pra que a gente entre nessa luta juntos em
defesa da mãe terra, em defesa da humanidade, dessa grande família que somos.”
Bioconstrução da Escola Yakã Porã.
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