Criados projetos na Tekoá Vy de Major Gercino
Voluntários do Homo Serviens e alunos da UNISUL.
Foto de arquivo de Makelis Paim |
by: Bianca Taranti
Edição e coordenação Jaci Rocha Gonçalves
Noventa quilômetros separam a aldeia
Yakã Porã do Morro dos Cavalos, em
Palhoça, da aldeia Tekoá Vy, no
município de Major Gercino, SC. Em 2009, 58 indígenas migraram para esta nova
aldeia através do Departamento
Nacional de Infraestrutura (Dnit) e pela Fundação Nacional do Índio (Funai),
como medida compensatória pelos danos às comunidades indígenas na duplicação da
rodovia da BR- 101. A aldeia Tekoá Vy possui 165 hectares. Onde vive 24
famílias no total de 186 pessoas. Logo na entrada da aldeia, no domingo
02 de setembro de 2018, era possível
ouvir as risadas das crianças que corriam descalças acolhendo nossa equipe.
Seu Arthur Benite é xeramõi - líder espiritual da aldeia;
era também o cacique quando mudou-se do Morro dos Cavalos para Major Gercino.
Ele nos levou para conhecer a aldeia começando pela horta que ele mesmo
plantou; o cultivo de salsinha, cebolinha, alfaces e melancia estará garantido.
Há sete anos, o velho sábio também plantou 1600 pés de bananeira em todo o território da Tekoá Vy.
Cacique Arthur Benite mostrando as plantações. |
Seu Arthur teve 19 filhos, 11 deles vivem na aldeia, 75 netos e 35 bisnetos. Hoje com 76 anos tem na Casa de Reza, a Opy como é chamada em Guarani, o seu lugar favorito. É aí onde se conecta com seus ancestrais, reflete sobre as questões da aldeia e do seu povo.“Eu venho aqui e fico pensando nos meus antepassados, nas coisas que eles viveram, resgatar essas memórias é muito importante para nosso povo,” comentou o xeramõi
Augustinho é um jovem cacique, professor terapeuta da
Tekoá Vy . Ele reuniu nossa equipe durante toda a manhã para elaboração
conjunta de projetos de auto sustentação junto à diretora do Instituto Homo
Serviens, Dr. Myriam Righetto, a ativista indígena Makelis Paim, também
voluntária do IHS, Alexia do projeto DH e Mediações Culturais da UNISUL e
Jeffrey Bonvin, estudante de engenharia civil da UNISUL e voluntário no trabalho
indígena. Augustinho também é professor do coral Guarani e um grande animador
da sua cultura.
Diretora do Instituto Homo Serviens, Myriam Righetto e o cacique Arthur Benite |
A visita na aldeia foi um dia de encontros culturais e de troca de saberes. Com orgulho, o velho xamã Arthur Benite descrevia as belezas da Tekoá, território onde no verão é possível se banhar nas águas da cachoeira. Explicou a equipe o significado dos nomes de algumas cidades catarinense de origem Guarani, como Palhoça (Palha Oca), Itajaí (mato em volta da pedra) e Itapema (Pedra chata). Augustinho e sua esposa Cláudia, no final do nosso encontro, nos presentearam com a canção do Beija-Flor, na voz do coral das crianças Guarani. Despedimos-nos ouvindo o alerta do cacique de que nos esperava para em tempo breve colhermos a safra de melancia e amendoim.
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